A Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem o intuito de proporcionar a conclusão do ensino básico àqueles que não o conseguiram. Desde o ano de 1996, quando o programa foi instituído, milhares de brasileiros se beneficiam desta oportunidade.
Mas tudo são flores mesmo, assim como parece?
Em setembro deste ano, foi celebrado o centenário de Paulo Freire, grande idealizador e promotor da educação de jovens e adultos e, apesar de ter muito o que se comemorar diante dos feitos deste grande mestre, o que se oferece hoje ao EJA está muito aquém do necessário.
Vamos conhecer um pouco mais da história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil e seus impactos no analfabetismo!
O que é o EJA e qual a sua importância para combater o analfabetismo?
A LDB 9.394/96 apresentou a modalidade de ensino chamada de EJA, com o intuito de possibilitar o acesso à educação aos jovens e adultos que não concluíram o ensino básico (fundamental e médio).
Em geral, é possível se concluir os módulos do ensino fundamental em 2 anos e os do ensino médio em 1 ano e meio de estudos.
A inscrição no programa pode ser feita junto a Secretaria de Educação do município em que se faz parte e o programa pode ser feito nas modalidades presencial e online.
Desde que foi criado, o EJA já fez diminuir o grande número de analfabetos funcionais do país, sendo que o Brasil ainda tem 11,3 milhões de analfabetos com idade igual ou acima de 15 anos.
Esse número indica o alarmante percentual de 6,8% de toda população brasileira que não sabe ler ou escrever.
Portanto, a criação do programa de Educação de Jovens e Adultos foi um passo de extrema importância para o combate ao analfabetismo no Brasil e a marginalização educacional, no entanto o caminho ainda continua sendo longo e árduo.
Paulo Freire e o incentivo a Educação de Jovens e Adultos
Depois de ter iniciado seus estudos na cidade de Recife, Paulo Freire deu início a incrível jornada de luta e dedicação pela educação brasileira. De modo especial, de jovens e adultos.
Em 1950, iniciou um trabalho de alfabetização de 300 trabalhadores na cidade de Angicos no Rio Grande do Norte. O município tornou-se mais do que um “símbolo contra o analfabetismo no Brasil”, também marcou a história da construção social por meio das armas da educação.
Freire sempre defendeu a educação como caminho de construção da cidadania, comprometendo-se com os menos favorecidos e marginalizados da sociedade.
Apesar de seus grandiosos feitos pela educação, Paulo Freire e eu seus ideais revolucionários não têm ainda o espaço necessário de reconhecimento, de modo a transformar os modelos educacionais da atualidade, principalmente o EJA.
A verdade é que se as obras e estudos de Paulo Freire fossem revisitados e utilizados como base para transformação, assim como ele sempre lutou, certamente a Educação de Jovens e Adultos já teriam alcançados resultados muito mais promissores do que os apresentados atualmente no país.
Conheça alguns livros da Paco Editorial que abordam o tema:
Em Reflexões curriculares para a educação de jovens e adultos nas prisões… aproveitamos o momento de ampla discussão acadêmica e política sobre o tema do currículo para as escolas de educação básica no país, para propor uma reflexão sobre o currículo da Educação de Jovens e Adultos em geral e, em particular, sobre a educação implementada nos espaços de privação de liberdade.
Este livro traz uma importante abordagem da Educação de Jovens e Adultos (EJA), possibilitando aos leitores a reflexão os territórios em que a EJA se efetiva, redirecionando, dessa forma, seu olhar para os alunos analfabetos ou semialfabetizados, compreendendo-os como sujeitos participativos, capazes de serem reinventores de sua própria história. A obra ainda encaminha o leitor para o universo da inclusão de alunos cegos ou surdos, aborda a inclusão digital como uma ferramenta fundamental para esse público, declara como esses alunos se envolvem com o ensino da Matemática, apresenta a riqueza do multiculturalismo presente nas salas de aula, retrata o adolescente que cumpre medidas socioeducativas e, fundamentalmente, enaltece o encantamento que a EJA desperta naqueles que dela participam.
Este livro é uma obra coletiva de professores atuantes em escolas públicas e movimentos sociais e teve como desafio principal promover a interlocução necessária entre professores pesquisadores de seus cotidianos e o campo da Educação de Jovens e Adultos. Esse contexto se situa na perspectiva de se reconhecer que o conhecimento deve ser cotejado na sua relação intrínseca com a realidade, apresentada e problematizada em suas amplas dimensões, principalmente no esforço de desnaturalizar as relações sociais e educativas e os seus mecanismos de opressão e de alienação, bem como, também, e principalmente, colocar luz sobre saberes e práticas docentes contra-hegemônicos a essa realidade e que são cotidianamente construídos por docentes e discentes na EJA. Assim, ao problematizar a escola e o trabalho docente a partir da realidade específica do educando jovem e adulto trabalhador, o livro amplia o acesso a possibilidades experienciadas de uma Educação de Jovens e Adultos emancipatória e libertadora.
A leitura dos textos presentes neste livro nos permite viajar por distintas temáticas relacionadas à formação docente, as quais estiveram em debate nas aulas do curso de Especialização Saberes e Práticas da Educação Básica, ênfase em Educação de Jovens e Adultos. O curso é vinculado à Faculdade de Educação da UFRJ e é uma das ações do Laboratório de Investigação, Ensino e Extensão em Educação de Jovens e Adultos (LIEJA). Os textos partilham discussões e pesquisas e é possível, através deles, visualizar a riqueza dessa modalidade de ensino e a necessidade de nos colocarmos num processo de formação permanente, fundamental para todo o docente, mas imprescindível para aqueles que atuam na EJA, uma vez que muitos dos cursos de licenciatura não trazem a discussão dessa modalidade nem nas disciplinas obrigatórias nem de forma transversal no currículo.
Este livro foi concebido como obra coletiva de diversos professores-pesquisadores a partir do I curso de aperfeiçoamento em Educação de Jovens e Adultos para professores desta modalidade, proposto pela Faculdade de Educação da UFRJ. Os textos partiram de inquietações dos cursistas e foram escritos em parceria com os professores que ministraram a formação, indicando o acolhimento de múltiplas escritas. Acreditando que o conhecimento se constrói em um processo de apoio mutuo, troca de experiências e constante reflexão sobre a pratica docente, buscamos relembrar a importante pauta da defesa de uma universidade que pense e discuta para além de seus próprios muros.
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