Inovação Social está em alta. Fala-se tanto do assunto, mas será que falamos sobre a mesma coisa? Os tempos atuais são complexos. Os problemas sociais e ambientais ganham escala e urgência, vide, por exemplo, a emergência climática. Antes vinculadas à atuação das ONGs, movimentos sociais e do Estado, essas agendas foram sendo incorporadas por outros setores. Dentre eles, merece destaque as empresas e o mercado, que entraram de cabeça neste tabuleiro, trazendo consigo as chamadas soluções de mercado. Junto com elas, escuta-se certa narrativa de que elas vieram ‘resolver’ os problemas socioambientais que nem Estado nem sociedade civil deram conta de ‘resolver’. Será?
Em tempos de arranjos complexos muito bem formulados pelos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável da ONU (ODS), supor que um setor resolverá esses problemas que outros supostamente não conseguirem ‘resolver’ é uma formulação bastante rasteira e equivocada. Afinal, para problemas complexos, as soluções precisam igualmente ser complexas. Dentre as muitas expressões das soluções de mercado, os chamados negócios de impacto (ou negócios sociais) ganham espaço no momento. São basicamente um mix entre a militância das ONGs e a operação empresarial. Eles e tantas outras expressões e maneiras de atacar problemas socioambientais se abrigam sob o guarda-chuva da inovação social. Diante da presença cada vez maior do setor privado neste tabuleiro, restará à sociedade civil atuar a serviço do mercado? Será este o lugar reservado a ela neste complexo tabuleiro da inovação social? Afinal, de qual inovação social estamos falando?
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O livro Inovação social em tempos de soluções de mercado, de Fábio Deboni, trata do conceito de inovação social, abordando a forma como esta deve ser compreendida criticamente e identificando sua relação com temas situados em seu âmbito, tais como investimento social, negócios de impacto, organizações da sociedade civil, políticas públicas, entre outros.
Organizada em três capítulos ou blocos, a obra propõe entender qual a contribuição da inovação social, trazendo abordagens voltadas às soluções de mercado e apresentando reflexões críticas envolvidas com o campo das justiças social e climática, uma vez que estas soluções também possuem dilemas e limites a serem superados.
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