Os profissionais da educação constituem uma categoria de suma importância para toda a sociedade. Além das questões acadêmicas, relacionadas à transmissão formal de conteúdo, o professor tem como responsabilidade atuar na formação moral e ética dos seus educandos, servindo, inclusive, de exemplo para eles.
Desse modo, o professor precisa ser, além de competente em sua área de atuação, humano, empático e trazer em si a capacidade de atrair e instigar seus alunos. Entretanto, sobretudo no Brasil, esses não são os únicos desafios enfrentados pelo professor, e é sobre isso que falaremos nesse texto. Quais são os desafios enfrentados pelos docentes brasileiros atualmente? Esse tema lhe interessa? Então, continue a leitura!
Falta de remuneração e precarização da classe docente
A baixa remuneração da categoria docente é um fato histórico, uma vez que não é uma reivindicação nova por parte dos professores. A maioria das instituições não contam com um plano de carreira claro, que valorize a formação continuada do professor, o que faz com que os salários pagos a essa categoria estejam entre os mais baixos em todo o mundo.
Para a professora Mônica Regina Nascimento dos Santos docente na Universidade Federal de Alagoas, a desvalorização da categoria no Brasil é o principal fator que causa a baixa procura pelos cursos de licenciatura por parte dos jovens, que estão ingressando no ensino superior. Ela ressalta que os impasses da categoria foram aprofundados com aplicação da Emenda Constitucional 95.
‘’A PEC do Teto, conhecida como Emenda Constitucional 95, é responsável pela redução no investimento em educação e formação docente. A medida contribuiu diretamente com o esfacelamento dos serviços oferecidos pelas escolas e universidades’’, explicou a professora;
Altas cargas horárias de trabalho e a mercantilização da educação
Esse fator está diretamente relacionado com o anterior: por serem remunerados de forma insuficiente e, muitos professores precisam, para complementar suas rendas mensais, aumentar sua jornada de trabalho, lecionando em dois ou até três turnos todos os dias. Essa ampliação na carga horária pode ser extremamente prejudicial à saúde e ao desempenho profissional do professor, que, por vezes, se vê incapacitado de buscar por formações complementares por falta de tempo. Sua vida pessoal também fica prejudicada, já que acaba faltando tempo para estar com a família e para atividades de lazer.
Sendo assim o resultado do processo de mercantilização se caracteriza por um conjunto de ações concatenadas que atuam em diversas frentes para a instituição do Mercado Educacional, onde a educação se transforma em mera mercadoria. Confira o breve resumos das açõescitadas pala professora, Mônica:
- Financiamento – Incentivo à iniciativa privada, por meio da transferência de recursos públicos às instituições privadas em todos os níveis educacionais e todas as modalidades ao mesmo tempo em que sistematicamente são reduzidos os recursos para as instituições públicas;
- Projeto Pedagógico – Rígido controle do conteúdo de ensino e da formação docente com o esvaziamento crescente da autonomia das instituições, apesar das diversas postulações de gestão democrática, pois trata-se de uma gestão burocraticamente vigiada e controlada pelos órgãos internacionais de financiamento;
- Precarização das instituições de ensino básico e superior – diminuição das contratações por concurso público, redução dos recursos de manutenção da estrutura física, redução de profissionais, extinção de cargos, redução e/ou financeirização da assistência estudantil;
- Desvalorização do trabalho docente – aligeiramento e fragmentação da formação docente, planos de cargos e carreiras deficitários, piso salarial nacional insatisfatório para fazer frente às demandas dos profissionais da educação.
Em resumo, não estamos vivendo um quadro conjuntural de crises na educação, mas sim, um cenário permanente de crise, pois, como dito pelo educador e antropologo, Darcy Ribeiro (1922-1997), trata-se de um projeto estrutural de desmonte da educação para a classe trabalhadora, concluí a educadora Monica.
A participação da sociedade
O papel da sociedade é de suma importância para promover e incentivar os professores, dentro da atual conjuntura de sucateamento do corpo docente e da educação. A professora, Monica, salienta:
‘’ A leitura de mundo, como afirmado por Paulo Freire, que o aluno realiza, é uma leitura ancorada na relação entre os saberes escolares e os saberes do meio de sua convivência, portanto, a participação da comunidade ajuda a conferir identidade aos conteúdos escolares e forjar professores enraizados na realidade concreta em respeito às idiossincrasias da realidade local, e, como dito por Jurjo Santomé, atento às vozes ausentes do currículo’’.
Manejo das diferenças entre os alunos
Conforme comentamos anteriormente, a formação global dos educandos também está entre as responsabilidades do professor, embora não seja somente dele essa função. Assim, o professor precisa lidar com demandas que vão além das acadêmicas, convivendo com estudantes dos mais variados perfis e precisando estar atento às particularidades de cada um deles, o que pode ser um grande desafio, principalmente porque sabemos que questões pessoais impactam, e muito, no rendimento escolar.
A docência é uma carreira de grande importância e que costuma trazer grande realização pessoal para aqueles que a escolhem, apesar dos dilemas e desafios. Assim, é preciso que toda a sociedade mude a forma de encarar essa profissão com vistas a dar ao professor o valor que ele merece ter, o que faria com que essa carreira voltasse a despertar o interesse dos jovens e possibilitaria mais qualidade de vida àqueles que a escolhem.