O livro “Bolívar entre a cruz e a espada: independências e usos do passado colonial (1818-1822)” discute a imagem consagrada do Libertador. A partir da análise do jornal Correo del Orinoco, fundado em Angostura, foi possível perceber de que forma o mito heroico de Bolívar foi construído como representação narrativa.
Além disso, os usos das crônicas coloniais do século XVI, sobretudo os escritos de Bartolomé de Las Casas e Hernán Cortés, foram referências importantes para a edificação do Libertador no XIX, visto e narrado como justo, como o bem, mas ao mesmo tempo dotado de habilidades cavaleirescas.
O “Libertador”, assim, foi se arquitetando como “anti-Cortés”, como o inverso do Conquistador cruel e sanguinário. Bolívar, dessa forma, oscila como um pêndulo, entre a imagem lascasiana e o mito cortesiano, rodeado de flores, te deum, missas e celebrações cívicas de todos os tipos.
O livro, deste modo, não investiga apenas a figura central do general venezuelano, mas também os andaimes intelectuais que fizeram parte do discurso independentista. Mais do que ruptura abrupta, as luzes, na América Hispânica, também trouxeram sinais de continuidades discursivas.
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Este livro demonstra como os discursos de ruptura do século XIX eram calcados na reelaboração das memórias sobre a Conquista. Revelando como Bolívar buscou ser visto como anti-Cortés, esta obra rompe com periodizações convencionais. Para quem viveu a independência, a ânsia por inaugurar novos tempos era imensa. Mas não se podia fazer isso sem recriar o passado e seu peso na memória hispano-americana. Separando-nos entre especialistas em colônia e independência, a obra nos faz um convite: temos mais a partilhar do que imaginávamos.