A sociologia da juventude tem sido desafiada a compreender e trazer respostas às dramáticas questões trazidas a jovens pela pandemia da Covid-19. A sociologia da juventude tem uma longa tradição dentro das ciências sociais, já que se constituiu como campo ao menos desde os anos 1960. Lá, buscou responder a outros desafios, não necessariamente superados, como as rebeldias juvenis e os movimentos estudantis. Foi criando uma concepção de juventude menos preocupada com a integração social e mais aberta às possibilidades de transformação social inspirada pelas demandas juvenis. Ao longo do tempo, a juventude foi se tornando ainda mais plural – passamos a falar de “juventudes” – e a condição juvenil se estendeu às camadas populares e diversas regiões do globo. Nos dias atuais, entretanto, tem ficado patente a fragilidade desta expansão dos direitos da juventude, primeiro pelas “reformas” neoliberais e trabalhistas, segundo, pela persistente crise econômica mundial que se arrasta desde 2008 e, finalmente, pela pandemia da Covid-19. A pandemia, aparentemente apenas um fenômeno sanitário, deve ser vista também como um “fato social total”, já que seus impactos afetam todas as dimensões da vida e todas as categorias etárias. Ainda que não tenham sido vítimas principais da doença causada pelo coronavírus, jovens têm sido os mais afetados pelo desemprego, fechamento de instituições de ensino e interrupções das sociabilidades diante do isolamento e distanciamento social. Apesar de tantas novidades a desafiar a sociologia, as teorias das socializações ativas e das transições múltiplas, entre outras teorias da juventude, reforçam seu potencial de compreensão dos atuais dilemas juvenis. Essas teorias nos apresentam a metáfora do labirinto e o drama da instabilidade da vida social contemporânea como importantes recursos para esboçar as respostas que ansiamos. Enfim, valorizam as vozes dos próprios sujeitos jovens como portadoras destas respostas.
Texto de: Luis Antonio Groppo
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Esse livro trata das principais contribuições da sociologia para conhecer mais e melhor a respeito das juventudes nas sociedades contemporâneas. Faz isto em seus três capítulos: firma-se a sociologia da juventude, em tempos em que a categoria etária juvenil parece se consolidar (capítulo 1); reinventa-se tal sociologia, em tempos em que a juventude sofre uma verdadeira mutação, e de corpo docilizado se torna corpo rebelde (capítulo 2); quase naufraga a sociologia da juventude, em tempos em que as categorias etárias entram em colapso, quando os jovens ostentam cartazes que exigem algum tipo de sentido para o curso de suas vidas (capítulo 3).
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