É comum no dia a dia termos diversas dúvidas relacionadas ao correta da língua portuguesa. Isso acontece porque, na oralidade, usamos termos e frases que nem sempre estão de acordo com a norma padrão. É o caso, por exemplo, da construção “tinha chego”. Aposto que você já ouviu ou utilizou em uma conversa!
Sim, nós sabemos que conjugar verbos em português não é uma tarefa das mais fáceis. Se a situação costuma ser complicada com a conjugação no presente no indicativo, imagina quando queremos usar um verbo no particípio passado.
Por particípio passado, entende-se a construção em que usamos a terminação IDO ou ADO. Essa forma verbal expressa uma ação concluída e tem a função de transformar o verbo em um substantivo ou adjetivo.
No entanto, como para toda regra há uma exceção, existem verbos cujas terminações no particípio passado correspondem à primeira pessoa do singular do presente do indicativo. São os chamados verbos abundantes, que possuem dois particípios. Como exemplo, podemos citar os verbos ACEITAR, IMPRIMIR e ENTREGAR.
Esses verbos acima possuem um particípio passado regular, com a forma IDO ou ADO, e um particípio passado irregular, com a conjugação igual à primeira pessoa do presente. Isso significa que podemos usar os dois modos, mas não de qualquer jeito.
Qual a regra para utilização de particípio regular e do irregular?
A maioria dos verbos, no particípio passado, terminam em IDO ou ADO. No entanto, se o verbo aceita as duas formas (regular ou irregular), isso significa que a forma regular (IDO ou ADO) será utilizada após os verbos “ter” ou “haver”. A forma irregular, por sua vez, será utilizada depois dos verbos “ser”, “estar” e “ficar”.
- Exemplos com particípio regular
- “Lúcia não tinha aceitado a proposta de noivado”;
- “Eu tinha entregado minha tarefa dentro do prazo”;
- “João saiu sem ter imprimido as folhas da prova.
- Exemplos com particípio irregular
- “Maria foi aceita em uma universidade dos EUA”;
- “O pedido do delivery foi entregue corretamente”;
- “As folhas foram impressas com erros de digitação”.
Por que não posso usar a construção “tinha chego”?
No caso do verbo “chegar”, a norma padrão da língua portuguesa só aceita o particípio passado “chegado”. Isso quer dizer que, em qualquer construção, seja com os verbos “ter”, “haver”, “ser”, “estar” ou “ficar”, a forma correta é sempre “chegado”. Ou seja, chegar NÃO é um verbo abundante. Logo, “eu tinha chego” não existe.
- Exemplos da utilização correta do particípio passado do verbo chegar
- “Juliana tinha chegado às 7h na academia”;
- “Havia chegado a hora de decidir se optava pela festa de casamento ou pela viagem”;
- “Mariana não podia ter chegado a tempo, pois seu voo fora cancelado.
Quando é possível utilizar o “chego”?
A conjugação “chego” somente deverá ser utilizada quando o falante estiver se referindo à construção da primeira pessoa do singular, no modo indicativo; abaixo, temos alguns exemplos:
- “Eu sempre chego ao trabalho às 9h;
- “Toda vez que eu chego à casa de Maria, tem louça suja na pia”;
- “Caminhando, chego ao Rio Vermelho em 30 minutos”.
Fique atento! Há outros verbos que também causam confusão
Além do “tinha chego”, largamente empregado na oralidade, as pessoas costumam usar a construção “tinha trago” e “foi abrido”. Assim como acontece com o “tinha chego”, essas construções estão erradas e não existem na norma culta da língua portuguesa. As únicas formas do particípio passado desses verbos são: chegado, trazido e aberto.
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