Em tempos estranhos em que ideologia e discursos autoritários permeiam a sociedade brasileira, ler e compreender a atuação religiosa e social de Dom Waldyr Calheiros se torna um movimento de resistência, de apego aos valores democráticos e de defesa dos direitos humanos. Dom Waldyr tornou-se para a classe trabalhadora de Volta Redonda um símbolo de resistência e de combate à ditadura militar, instaurada a partir de 1964.
Nordestino de Murici-AL, ele vem de uma família tradicional dessa região que ainda hoje exerce influência política neste município. O bispo teceu uma rede de sociabilidade social e religiosa que possibilitou uma carreira de sucesso dentro da estrutura da instituição católica. Considerado por religiosos e por leigos como uma pessoa reta, disciplinada, religiosa, educada, extremamente inteligente e de personalidade forte com pessoas poderosas ligadas ao regime militar e de amabilidade com os pequeninos, principalmente, os trabalhadores. Aos 40 anos de idade, já era bispo auxiliar em uma das arquidioceses mais importantes do país, a do Rio de Janeiro. No entanto, fui sua nomeação como bispo titular da Diocese de Volta Redonda/Barra do Piraí em 1966, que moldou definitivamente o episcopado de Dom Waldyr. Na cidade operária, Dom Waldyr se converteu ao mundo do trabalho. Defendeu os trabalhadores da repressão dos militares, colocando a Igreja no embate direto com o BIB (1° Batalhão de Infantaria Blindada), sediado em Barra Mansa, cidade vizinha a Volta Redonda. Além dos conflitos com os militares, ele também entrou em choque com a direção da Companhia Siderúrgica Nacional por ocasião das graves e consequentemente das repressões contra os trabalhadores. Ler o livro intitulado “Resistência e Compaixão: O catolicismo social de Dom Waldyr Calheiros de Novaes”, publicado pela Paco Editorial, torna-se um exercício obrigatório para conhecer a história da Igreja e do período da ditadura militar no Brasil.
Texto de: Luiz Fernando Mangea Da Silva
Confira abaixo o livro disponível em nosso catálogo sobre o tema:
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Amém, Aleluia!” era o lema de D. Waldyr que inspirou sua trajetória pastoral e política, relevando sua entrega aos projetos do Pai. Ele tinha consciência da responsabilidade do bispo de uma cidade-operária onde o capital massacra o trabalho e assumiu a missão, concretizando em vida a opção pelos pobres e assumindo os riscos dessa escolha: perseguição e certeza da ressurreição e vitória! A obra do historiador Luiz Mangea, descreve a trajetória do bispo e de uma Igreja da Libertação. Mangea presta um serviço à memória do bispo e de todos que se comprometem com a construção de um mundo melhor e mais humano.
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