Desde 2012, a data de 25 de agosto ganhou um sentido especial: comemorar o Dia Nacional da Educação Infantil. Para marcar essa primeira etapa do processo de formação e aprendizado, foi instituída a Semana Nacional da Educação Infantil.
Unindo as dimensões do educar e do cuidar, a Educação Infantil abarca o atendimento de crianças de 0 a 3 anos, em creches, e de 4 a 5 anos, na pré-escola. Seu propósito é o desenvolvimento integral da criança, em todas as suas dimensões.
Por sua importância, a data é uma oportunidade de celebrar — seja com atividades pedagógicas, brincadeiras ou apresentações artísticas —, mas também de reafirmar a importância da Educação Infantil como direito das crianças e das famílias.
Origem da data
O Dia Nacional da Educação Infantil foi instituído pela Lei Nº 12.602/2012, de autoria do então senador Cristovam Buarque. A escolha da data é uma homenagem ao nascimento Zilda Arns, médica brasileira e fundadora da Pastoral da Criança.
Irmã do arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns, Zilda foi pediatra e sanitarista. Sua trajetória foi ligada à construção de projetos voltados para o desenvolvimento e proteção de crianças e adolescentes.
Veja o vídeo da autora Bruna Molisani Ferreira
Livro da autora
Sinopse:
Os professores muitas vezes são responsabilizados pelos baixos índices do nível de educação, atribuindo essa culpa à falta de formação ou autonomia e autoridade. Esta obra analisa como os discursos dos professores são tratados em uma formação continuada na educação infantil, o que levou à desqualificação profissional e à perda de controle sobre o próprio trabalho, afetando o conteúdo da prática educativa. Partindo de um estudo com várias professoras infantis, traz à tona a relação entre o discurso e prática e a realidade que os professores alteram seu discurso, mas permanecem com a mesma prática dentro de sala de aula. Trazendo aspectos históricos da formação de professores e da origem das creches, com enfoque no trabalho com a linguagem na primeira etapa da educação básica, a autora busca discutir saberes que são adquiridos no cotidiano escolar assim como proporcionar espaço para que as crianças falem e sejam ouvidas.
Comentário da autora Kenia Adriana de Aquino
O Dia Nacional da Educação Infantil não pode nos deixar esquecer da realidade atual das creches e pré-escolas brasileiras, em que a maioria não atende à demanda de vagas e possui infraestrutura inadequada ou ineficiente, por exemplo. Por isso, o dia 25 de agosto precisa suscitar em nós o desejo por reivindicar políticas públicas efetivas que garantam o acesso à escola para a primeira infância de todo o país e também viabilizem a construção de espaços físicos apropriados, bem como experiências culturais diversas e livros literários de qualidade que ampliem o olhar da e para a criança.
Kenia Adriana de Aquino Modesto Silva é docente da Universidade Federal de Jataí (UFJ), Mestre em Educação pela UFMT e Doutora em Educação pela Unesp. Estuda as temáticas: formação do leitor na primeira infância, literatura infantil, leitura com bebês e crianças pequenas, estratégias de leitura, alfabetização e formação do professor alfabetizador.
É autora do livro O Nascimento do Leitor: ler, contar e ouvir histórias na educação infantil publicado pela Paco Editorial e a EdUFMT. Na obra, ela registra sua pesquisa de Mestrado com um levantamento sobre infância e educação infantil, discute sobre leitura e literatura infantil na formação da criança e, por fim, relata suas vivências de leitura literária com crianças de 5 anos. É, portanto, um trabalho que pode contribuir com as práticas de leitura literária específicas para a educação infantil.
Sinopse:
Este livro preocupa-se com a formação do leitor e apresenta as respostas para as seguintes questões: por que meus alunos não gostam de ler? O que ocorreu em seus percursos de leitores para afastá-los dessa prática cultural? Como alguém pode não gostar de e viver sem ler? Mas como se ensina ler? A autora perseguiu com tenacidade seu objetivo de descobrir quais as possibilidades de uso da literatura com as crianças, planejando e modificando planos, agindo e se olhando criticamente, narrando e analisando falhas e descobertas.
Educação Infantil no Brasil
No Brasil, a Educação Infantil é um dever do Estado, mas nem sempre foi assim. Os primeiros estabelecimentos educacionais voltados para crianças surgiram para atender as mulheres que trabalhavam fora de casa.
Somente a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 a Educação Infantil foi incorporada como direito e alinhada ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Com isso, vieram as políticas, planos e programas para concretização desse direito.
A participação social de diversos setores da sociedade foi fundamental na constituição dessas diretrizes e leis, bem como no reconhecimento da relevância da Educação Infantil enquanto política pública.
Dados mais recentes, do “Monitoramento do uso dos Indicadores da Qualidade na Educação Infantil”, apontam o crescimento da modalidade no Brasil, ainda que este não acompanhe a demanda.
Em 2011, o número total de matrículas na faixa de 0 a 5 anos foi de 6.756.698. Por outro lado, havia 16.728.146 crianças nessa mesma faixa no país, segundo o Censo Populacional 2010.
Desafios na atualidade
Apesar de a legislação brasileira reconhecer a educação de qualidade como um direito da criança desde o seu nascimento, pesquisadores apontam que o dia a dia de diversas escolas infantis refletem as divergências entre o que está no papel e a realidade.
A distância entre o ideal e o realizado pode ser percebida pela desigualdade no acesso aos centros de Educação Infantil, na exclusão de uma parcela significativa das crianças dos ambientes escolares e nas diferenças de qualidade do ensino ofertado.
Entre os principais desafios estão a busca por financiamento próprio, a expansão do atendimento a crianças na faixa etária de 0 a 3 anos, o incremento da qualidade do cuidado e da educação em todo o segmento de 0 a 5 anos.
O Dia Nacional da Educação Infantil é, portanto, um momento para comemorar as conquistas e melhorias nos índices brasileiros, mas também para reivindicar políticas públicas adequadas e o cumprimento daquilo que é garantido por lei.