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Manoel de Barros, leve grande poeta

A grandeza de Manoel de Barros pode ser exemplificada em uma das inúmeras passagens marcantes de sua vida de poeta: tendo Carlos Drummond de Andrade recebido o título de maior poeta vivo do Brasil, o poeta mineiro o teria recusado em favor de Manoel de Barros.

Somente esse evento já seria o suficiente para o grande poeta mato-grossense receber o devido prestígio. No entanto, existem inúmeros outros motivos para você conhecer esse autor tão fundamental para se compreender o Brasil regional, universal e contemporâneo.

Vida e obra de Manoel de Barros

Manoel de Barros nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, no dia 19 de dezembro de 1916 e passou a infância com os pais, João Venceslau Barros e de Alice Pompeu Leite de Barros, em uma fazenda localizada no Pantanal e que pertencia à família do escritor.

Em um colégio interno em Campo Grande, onde passou a adolescência, Manoel de Barros começou a escrever os seus primeiros poemas, e em 1937 já tinha publicado o “Poemas Concebidos Sem Pecados”, seu primeiro livro de poesia.

Mudou-se para o Rio de Janeiro para cursar Direito, obtendo o diploma em 1941. Logo após, arruma as malas e parte em viagem pela América do Sul e do Norte. Volta ao Brasil e, a partir de 1960, dedica-se à criação de gado e aos cuidados gerais da fazenda no pantanal que pertencia a sua família.

Notadamente, Manoel de Barros ganhou destaque nos anos 1980 com reconhecimento do público nacional e internacional que lhe outorgou diversos prêmios e homenagens. A sua descoberta “tardia” se deve, entre outros motivos, ao que o próprio autor identifica: “orgulho”. Subtenda-se: “não faço concessões, nem bajulações.”

O grande poeta, considerado o maior ou um dos maiores da história brasileira, o mais lido atualmente no exterior, principalmente em Portugal, morreu aos 97 anos em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no ano de 2014. Entre destaques da sua obra ficaram livros como “Gramática expositiva do chão” (1966), “O livro das ignorãças” (1993), “Livro sobre nada” (1996), “O guardador das águas” (1989), “Concerto a céu aberto para solos de aves” (1993), “O fazedor de amanhecer” (2001).

10 frases de Manoel de Barros

  1. “Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito.”
  2. “Prefiro as máquinas que servem para não funcionar.”
  3. “As coisas me ampliaram para menos.”
  4. “Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.”
  5. “Natureza é uma força que inunda como os desertos.”
  6. “Deixei uma ave me amanhecer.”
  7. “Aprendi que o artista não vê apenas. Ele tem visões. A visão vem acompanhada de loucuras, de coisinhas à toa, de fantasias, de peraltagens. Eu vejo pouco. Uso mais ter visões. Nas visões vêm as imagens, todas as transfigurações. O poeta humaniza as coisas, o tempo, o vento”.
  8. “O mundo não foi feito em alfabeto. Senão que primeiro em água e luz. Depois árvore.”
  9. “Quando meus olhos estão sujos de civilização, cresce por dentro deles um desejo de árvores e aves.”
  10. “Tenho em mim um sentimento de aldeia e dos primórdios. Eu não caminho para o fim, eu caminho para as origens. Não sei se isso é um gosto literário ou uma coisa genética. Procurei sempre chegar ao criançamento das palavras”.

Confira também a obra disponibilizada na Paco Editorial sobre o poeta:

Esta obra empreende uma análise crítica comparativa sobre nomeação e pensatividade poética em Manoel de Barros, Murilo Mendes e Francis Ponge. Para defender a ideia de que a poesia pensa, são analisadas sucessivamente a significância dos nomes e das coisas, a razão poética e a infância tanto do homem quanto da palavra. Buscando a pluralidade significativa da linguagem poética em contraponto à petrificação da linguagem funcional, esta análise aponta uma possibilidade desconstrutora de lidar com os nomes e as coisas. O principal referencial teórico utilizado é a crítica contemporânea francesa, com autores como Jacques Derrida e Gilles Deleuze. A autora ainda teve ainda o privilégio de se comunicar com Manoel de Barros. Uma dessas conversas está registrada nesta obra em carta inédita do poeta para a pesquisadora.

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