Como a língua portuguesa é complexa e repleta de regras, é comum haver confusão no uso de diversas palavras. Isso acontece porque, na oralidade, dispensamos algumas dessas regras, mas quando o assunto é língua escrita, a formalidade pede um português mais rígido.
Hoje, vamos aprender a diferença entre ”tão pouco” e ”tampouco”.
A pronúncia dessas palavras é considerada homônima, pois embora possuam significados diferentes, a sonoridade é relativamente igual. Na realidade, a diferença na pronúncia é quase imperceptível e, dependendo da região do falante, nem existe. Tudo isso contribui para a confusão na hora de escrevê-las.
Mas afinal, quando devemos usar “tão pouco”?
“Tão pouco” é uma expressão formada pelo advérbio de intensidade “tão” e pelo advérbio de intensidade “pouco”.
Em alguns casos, o “pouco” é classificado na frase como pronome indefinido. Neste último caso, há variação em gênero e número. A expressão significa “muito pouco”, “pouca coisa”, “pouquíssimo”.
Exemplos de uso de “tão pouco”
- Tão poucas pessoas foram à festa ontem! (“pouco” é pronome indefinido e acompanha o substantivo “pessoas”, por isso está no plural e no feminino).
- Meus pais ficaram tão poucos dias em casa (“pouco” é pronome indefinido, acompanhado do substantivo “dias”, por isso está no plural e no masculino).
- É preciso tão pouco para ser feliz na vida (“pouco” é advérbio e não varia).
- Os médicos discutiram a respeito de uma doença que é tão pouco conhecida (“pouco” como advérbio).
Dicas importantes: para saber se está usando a expressão “tão pouco” da forma correta, tire o advérbio “tão” e verifique se ainda há sentido no que foi dito ou escrito. Se a frase continuar com lógica, é sinal de que o uso está correto. Também é possível substituir a expressão ”tão pouco” por “muito”, que não varia enquanto advérbio, mas que sofre modificação na condição de adjetivo.
Exemplos com substituição
- Muitas pessoas foram à festa ontem!
- Meus pais ficaram muitos dias em casa.
- É preciso muito para ser feliz na vida.
- Os médicos discutiram a respeito de uma doença que é muito conhecida.
Quando devemos usar “tampouco”?
“Tampouco” é classificado como um advérbio de negação e significa “também não, “nem” e “muito menos”. É usado para reforçar uma ideia que já foi anteriormente negada.
Exemplos de uso de “tampouco”
- Não consegui entregar o trabalho a tempo, tampouco fiz o jantar das crianças.
- Minha família é muito desestruturada e tampouco tem dinheiro.
- Maria não vai ao cinema, nem ao teatro, tampouco à igreja.
Atenção ao uso de “nem tampouco”
Embora seja comum em muitas conversas, o uso de “nem tampouco” está errado, pois “nem” significa “e não” e “tampouco”, como já mencionamos, transmite a mesma ideia de “também não”. Trata-se, portanto, de uma expressão redundante. Até é possível usá-las na mesma frase, como no exemplo anterior, mas separadamente.
Quando dizemos “Não fui à festa nem tampouco à escola”, há nessa frase duas negações desnecessárias. Apenas uma é suficiente, portanto, prefira: “Não limpei a casa nem o quintal” ou “Não limpei a casa, tampouco o quintal”.
Vale acrescentar que o uso do ”tampouco” advém após uma negação anterior e geralmente é precedido por uma vírgula. Em alguns casos, quando as orações estão ligadas pela conjunção “e”, não há vírgula antes de “tampouco”.
Este artigo foi útil? Compartilhe!