Historiador é uma das profissões mais importantes para o mundo. É a partir dos estudos desse profissional que podemos entender um pouco mais do passado e até descobrir novas informações a respeito de algo.
Dada sua importância para o desenvolvimento da humanidade, o profissional tem um dia em sua homenagem no calendário brasileiro. A data foi escolhida em homenagem ao aniversário de Joaquim Nabuco (1849 – 1910), historiador, escritor e diplomata pernambucano.
Dia do Historiador
Um dos maiores filósofos da Roma Antiga, Marco Túlio Cícero, definiu que “A história é testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, anunciadora dos tempos antigos”, dando um significado robusto para a figura do historiador e evidenciando o seu grande compromisso com a humanidade.
No entanto, a sociedade atual ainda encara, com dificuldade, o historiador ser um cientista, fazendo descobertas que podem moldar o futuro que desejamos ter, apesar de a sua fonte de pesquisa ser o passado.
Dessa maneira, o historiador consegue nos mostrar que a produção do conhecimento é um elo fundamental para que as pessoas possam conhecer o passado das suas civilizações e quais foram os caminhos percorridos para termos o que temos hoje e como isso ainda pode influenciar o futuro.
A formação superior de um historiador o prepara para ser professor do Ensino Básico, a partir do título de licenciatura, evidenciando, com isso, seu papel durante a formação de crianças e jovens, e para pesquisa e Ensino Superior, com o título de bacharel.
Portanto, o profissional assume o compromisso de difundir conhecimento sem parcialidades, preservando o máximo possível do senso crítico necessário para realizar avaliações de determinados períodos históricos.
Formação crítica da sociedade
Se hoje conseguimos formar opiniões sobre diversos assuntos sociopolíticos, em grande parte, é pelo trabalho incansável do historiador em preservar o passado.
Pesquisa cientifica pode nos trazer informações valiosas e sem essa produção, corre-se o risco de cair no esquecimento, dando brechas para informações falsas e construção de caminhos perigosos, que podem minar o conhecimento acadêmico.
Dessa maneira podemos entender que a sociedade só é capaz de ser crítica e reivindicar seus direitos por ter acesso ao passado e compreender as bases que levaram o ser humano a evoluir durante os séculos.
Prova disso está no próprio Joaquim Nabuco, homenageado para sempre pela data comemorativa do historiador. Sua produção acadêmica consiste em ensaios, livros e discursos condenando a prática da escravidão, quando esse período ainda não era encarado como retrocesso.
Em sua obra, disponível em domínio público, Nabuco consegue ser a frente do seu tempo e analisa o período escravagista sob o aspecto:
– Histórico;
– Religioso;
– Político;
– Social;
– Jurídico.
A preocupação do historiador em formar uma sociedade livre do abuso de direitos, fez com que fosse um dos principais líderes abolicionistas e sua obra preserva a importância de conhecer o passado para não repetir no futuro.
Joaquim Nabuco é apenas um dos muitos exemplos de profissionais acadêmicos que se comprometem em não somente analisar o passado, como também em deixar estudos e pesquisas valiosas dos problemas atuais da sociedade.
Falta de regulamentação da profissão no Brasil
Mesmo que seja evidente a importância do historiador, a regulamentação desse profissional no Brasil ainda é alvo de grandes polêmicas.
Em fevereiro desse ano, o Senado Federal aprovou a regulamentação do historiador, tomando como base sua formação superior em História ou em áreas correlatas, desde que o profissional comprove atuação como historiador por pelo menos cinco anos.
O entendimento do Senado foi importante não só para dar destaque a esse profissional, como também assumir um compromisso com a difusão correta de conhecimentos sociopolíticos.
No entanto, em abril, a Presidência da República decidiu vetar na íntegra essa possibilidade. Uma das justificativas dadas pelo Planalto é que, ao regularizar a profissão, “o livre exercício” fica restringido e supostamente fere o princípio constitucional da liberdade de expressão intelectual, artística, científica e de comunicação.
Apesar de a justificativa ter base em um direito fundamental previsto na Constituição, a falta de reconhecimento da produção de pesquisa ao nível superior pode fazer com que as informações ali contidas não sejam encaradas como verdadeiras, abrindo espaço para a produção independente e, por vezes, sem compromisso com a verdade.
O livre exercício de uma profissão de peso para a sociedade tem impacto direto também com a formação crítica dela, porém, com o perigo cercear o conhecimento com total parcialidade de informações e com dados que podem não ser checados antes de se produzir um artigo acadêmico.
A profissão historiador é uma base importante para se compreender também as evoluções em outras áreas fundamentais da sociedade. A produção do conteúdo científico e eternas pesquisas no campo social são essenciais para que a medicina consiga tratar melhor seus enfermos, por exemplo.
Doenças atuais, que estão no centro dos debates, se formaram em um passado onde ninguém parecia querer lidar com sua propagação. O impacto negativo de certas imposições históricas, nos servem de base para compreender diversas modificações e são importantes para o conhecimento médico, de modo a tratar melhor sua área clínica.
O impacto do historiador também faz a diferença na parte jurídica de um país, uma vez que a investigação acadêmica através de artigos foi capaz de modificar legislações pelo mundo que antes violavam direitos fundamentais do cidadão.
Com um campo vasto de atuação, o historiador também exercesse um grande papel na preservação cultural da sociedade em que ele está inserido. Graças ao seu trabalho com a memória, é possível encontrar esse profissional nas assessorias do Arquivo Nacional, museus e até mesmo contratado como pesquisador para a produção audiovisual de documentários e filmes que retratem alguma época em específico.
Podemos entender, portanto, que o historiador é a base da preservação e do desenvolvimento cada vez maior da sociedade, sempre chamando atenção para o perigo do retrocesso e construindo novos caminhos.
Por isso, para este 19 de agosto, gostaríamos de felicitar todos os profissionais que dedicam seu tempo na construção de uma sociedade mais justa e igualitária para o presente e futuro, sem esquecer do passado.
5 Comentários
CARLOS FERNANDO COMASSETTO
Parabenizo todos os historiadores pela data e por sua importância para o entendimento da sociedade que vivemos. Da mesma forma a Paco Editorial pela sua trajetória.
Paco Editorial
Olá Carlos! Agradecemos os parabéns e seu comentário. Grato.
Renan Frighetto
Excelente análise sobre a importância da História e daquele que a desenvolve cientificamente, o historiador. Apenas dizer que além da licenciatura, que habilita o historiador ao exercício do magistério, devemos reforçar a importância do bacharelado que conduz o historiador ao campo da pesquisa científica, essencial àqueles que pretendem aprofundar seus estudos em níveis de Mestrado e de Doutorado. De fato, a desvalorização do trabalho do historiador e a negação da relevância de sua contribuição promovem um empobrecimento científico da sociedade, algo que devemos confrontar com trabalho, seriedade e mais desenvolvimento histórico e científico. Parabéns a Paco pela iniciativa e muito obrigado pela recordação a todos nós, historiadoras e historiadores.
Paco Editorial
Olá Renan! Ficamos felizes com seu comentário. Grato.
José Neto Vieira Damasceno
Grande orgulho do dia 19 de agosto, grande orgulho de ser historiador e grande amante da História, pois sou professor há 21 anos na área de ciências humanas e amo de paixão, de verdade essa ciência que para mim é sem dúvida a mãe de todas as ciências: A História!!!