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Dia de Monteiro Lobato

No dia 18 de abril é comemorado o Dia de Monteiro Lobato. A data, também conhecida como Dia Nacional de Livro Infantil, consta na Lei 10.402, de janeiro de 2002, e é uma homenagem ao escritor, considerado o pai da literatura infantil brasileira.

Responsável por obras como o Sítio do Picapau Amarelo, Reinações de Narizinho e Urupês, Monteiro Lobato teve seu nome marcado na história, e o dia de Monteiro Lobato pode ser uma grande oportunidade para conhecer o próprio autor, suas criações e influências.

Quem é Monteiro Lobato

Muitas pessoas conhecem o nome do autor ou de obras famosas, como o Sítio do Picapau Amarelo, mas pode não saber muito sobre ele.

imagem: https://www.estudopratico.com.br/biografia-de-monteiro-lobato/

Para começar, sabemos que o Dia de Monteiro Lobato é comemorado no dia 18 de abril, mas a data não foi escolhida de forma aleatória para homenagear o autor, mas sim porque foi nesse dia, no ano de 1882, que nasceu Monteiro Lobato.

Natural de Taubaté, cidade do interior de São Paulo na região do Vale do Paraíba – e que atualmente abriga o Museu Monteiro Lobato – a criança José Bento Renato Monteiro Lobato cresceu e se tornou o escritor que conhecemos hoje.

Um fato curioso é que Monteiro Lobato teve várias profissões, são elas:

• Advogado e Promotor: Lobato se formou em Direito na Faculdade do Largo São Francisco, hoje parte da USP, e atuou na profissão até a morte de seu avô José Francisco Monteiro, quando passou a se dedicar à carreira de escritor e mudou para o sítio que herdou.

• Escritor: muito conhecido por seus contos e obras infantis, ele também escreveu para o público adulto.

• Tradutor: Lobato também foi responsável pela tradução de clássicos como Alice no País das Maravilhas, Robin Hood, contos dos irmãos Grimm e de Hans Christian Andersen.

• Editor: ele fundou a revista Paraíba, com 12 números publicados e colaborou com a Revista do Brasil.

• Jornalista: além de fundar, o escritor também escreveu para a revista Paraíba. Na Revista Brasil, Monteiro Lobato também publicou várias matérias e editoriais no jornal O Estado de S. Paulo.

• Empresário: Monteiro Lobato eventualmente comprou a Revista do Brasil e fundou a Editora Monteiro Lobato & Cia. Editores, conhecida depois como Companhia Editora Nacional. Ele também foi um dos fundadores da Companhia de Petróleos do Brasil.

Assim como obras importantes para a literatura brasileira, Monteiro Lobato também esteve envolvido em questões controversas, como veremos mais para frente.

Importância na literatura infantil brasileira

Não podemos falar de Monteiro Lobato sem falar da importância das obras dele para a literatura infantil brasileira. Afinal, existe motivo para a data em que nasceu ser escolhida para o Dia Nacional do Livro Infantil, ou simplesmente Dia de Monteiro Lobato.

A carreira de escritor infantil de Monteiro Lobato começa com o sucesso do livro A Menina do Narizinho Arrebitado, em 1921, tendo como personagens principais Narizinho, Emília, Dona Benta e Tia Nastácia.

Esse primeiro livro eventualmente se torna o primeiro capítulo do livro Reinações de Narizinho, publicado em 1931, e o começo da série do Sítio do Picapau Amarelo.

A literatura infantil brasileira ganhou uma cara nova depois das publicações de Monteiro Lobato, com narrativas que vão do real ao imaginário de forma simples, tornando possível o exercício lúdico da leitura tanto para crianças quanto para adultos.

Sítio do Picapau Amarelo

imagem: http://www.adorocinema.com/noticias/series/noticia-124681/

Sem dúvida essa é a obra mais famosa do autor, se tornando sucesso inclusive nas adaptações para TV.

O Sítio do Picapau Amarelo, retrata a vida simples no sítio através de histórias e aventuras protagonizadas por personagens icônicos como:

• Narizinho e Pedrinho: são dois primos, crianças e netos da Dona Benta.

• Emília: a melhor amiga de Narizinho é uma boneca de pano viva, conhecida por suas críticas e gênio forte.

• Dona Benta: avó das crianças, a dona do Sítio do Picapau Amarelo vive contando histórias e estimulando a imaginação e curiosidade das crianças e da boneca.

• Tia Nastácia: ela trabalha para a família de Dona Benta como cozinheira e ajudando a cuidar das crianças e do sítio.

• Visconde de Sabugosa: assim como a Emília, o Visconde também é um boneco vivo, feito de sabugo de milho, conhecido por sua inteligência.

• Cuca: personagem antropomórfico (com características humanas e animais). A Cuca faz as vezes de vilã da história, sendo uma bruxa com corpo de jacaré e comportamento humano, vingativa e sempre planejando como invadir o sítio.

Outros personagens conhecidos e recorrentes também não podem ficar de fora, como o Marquês de Rabicó, o Tio Barnabé, e o Burro Falante, além de personagens folclóricos como o Saci e a Iara.

O estilo literário de Monteiro Lobato usa com frequência elementos folclóricos, sendo prevalente temas nacionais em suas histórias.

Literatura não infantil

Monteiro Lobato é conhecido principalmente por suas obras voltadas para o público infantil, porém a sua carreira não se resume a esse público.

Adepto dos contos e fábulas como gêneros literários favoritos, suas obras são pré-modernistas e costumam retratar os vilarejos e as pessoas da região do Vale do Paraíba, na época da crise do café.

Entre os livros publicados para o público adulto, estão os contos Urupês, de 1918, e Negrinha, de 1920. Além dessas obras existem os artigos de jornais, nos quais ele expressava suas opiniões sobre diversos temas, inclusive políticos.

Um desses artigos, de 1917, tornou seu nome conhecido depois de ser publicado pelo O Estado de S. Paulo, com o título “Paranoia ou Mistificação?”, no qual criticava uma exposição de Anita Malfatti.

Urupês

Imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/Urup%C3%AAs_(livro)

Como dissemos anteriormente, Urupês foi uma das obras não infantis mais conhecidas de Monteiro Lobato. A coletânea de contos e crônicas foi publicada em 1918, e atualmente ela é vista como uma das obras controversas do autor, devido ao modo como retrata a vida rural.

Essa coletânea teve origem com uma carta intitulada Velha Praga, e publicada no O Estado de S. Paulo em 1914. No texto, Monteiro Lobato desabafava sobre os problemas da seca onde morava, além de se queixar das queimadas causadas pelos moradores da região.

Um dos textos de Urupês, que tem o mesmo nome, possui um personagem famoso e controverso: o Jeca Tatu, personagem referido como caboclo, com características negativas e representando a miséria e o atraso econômico do país na época.

A caracterização de Jeca Tatu era a de um homem desleixado, sempre descalço, sem educação e cultura, ingênuo e crédulo.

Nas palavras do próprio Monteiro Lobato, quando questionado sobre o personagem, ele dizia: “Jeca Tatu não é assim, ele está assim”. Essa frase tinha a intenção de demonstrar o descaso do governo com a população rural pelo ponto de vista do autor.

No entanto, na quarta edição do livro, Monteiro Lobato pediu desculpas aos homens do interior por causa da representação deles como Jeca Tatu.

O personagem virou um símbolo nacionalista, utilizado inclusive durante a campanha presidencial de Rui Barbosa em 1918.

Apesar da questão controversa, Urupês é considerado um ícone da literatura por causa da linguagem utilizada na obra, com riqueza de expressões típicas da zona rural e uso de coloquialismos e neologismos tipicamente orais.

Controvérsias

Mesmo sendo um homem importante, ou talvez justamente por causa da sua importância, Monteiro Lobato sempre estava envolvido com alguma controvérsia, tanto em suas obras quanto em suas opiniões sobre política e cultura.

Em suas obras, já vimos a controvérsia envolvendo Urupês, mas mesmo O Sítio do Picapau Amarelo tem suas questões.

O personagem da Tia Nastácia, por exemplo, atualmente é visto como uma representação estereotipada e racista da época. Críticas semelhantes são feitas a caracterização do personagem do Tio Barnabé.

Com relação aos seus pensamentos sobre cultura, Monteiro Lobato foi crítico ao movimento modernista desde as suas primeiras manifestações em São Paulo, e deixou clara sua opinião com o artigo citado anteriormente sobre uma exposição da artista Anita Malfatti.

No artigo, publicado antes da Semana de 22, o autor criticou a pintura expressionista da artista, dizendo que seu trabalho era resultado de uma deformação mental. Essa crítica marcou o início do embate do autor com o movimento modernista.

O escritor também foi ativista na exploração de petróleo brasileiro, inclusive trabalhando em pesquisas para descobrir petróleo no país e, depois de encontrado o óleo na Bahia em 1939, ele passou a defender que o Brasil poderia se tornar tão rico quanto os EUA.

Seu interesse pelo assunto foi expresso em cartas trocadas com amigos engenheiros e em livros, como O Escândalo do Petróleo.

No livro ele escrevia sobre as dificuldades impostas pelo governo Vargas para a exploração do petróleo, dizendo que o governo não explorava e nem deixava ninguém explorar.

O tema chegou a ser explorado até mesmo em suas histórias infantis, sendo o foco do livro O Poço do Visconde, que sofreu diversas críticas na época por contradizer os especialistas do governo Vargas.

Eventualmente, o embate de Monteiro Lobado com o governo resultou na sua prisão durante seis meses, em 1941, sob a acusação de ataques contra o governo, afinal ele não escondia sua oposição ao governo Vargas.

Monteiro Lobato não negava ser um artista nacionalista, que lutava pela independência cultural, econômica e tecnológica do Brasil, até a sua morte em 1948.

Fundada em 2009, é uma editora voltada para a publicação de conteúdos científicos de pesquisadores; conteúdos acadêmicos, como teses, dissertações, grupos de estudo e coletâneas organizadas, além de publicar também conteúdo técnico para dar suporte à atuação de profissionais de diversas áreas.

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