O objetivo da obra é trazer a jovens e veteranos historiadores e historiadoras, bem como a interessados no tema, uma contribuição para os estudos sobre a história da conquista e ocupação de uma área de sertão no período colonial, onde desenvolvo a idéia de “Sertão Atlântico.” Utilizei nessa pesquisa uma coleção de centenas de cartas escritas durante o governo do vice-rei do Estado do Brasil Luís de Vasconcelos e Sousa (1779-1790). Essa compilação, a “Correspondência e documentos relativos às Novas Minas de Macacu do Rio de Janeiro” entre 1786-1790 traz aspectos do cotidiano da ocupação de um sertão colonial e busco demonstrar redes de relacionamentos construídas durante o árduo processo de conquista e ocupação dessa região, conhecida à sua época, como Sertão de Macacu. Área que englobaria hoje em dia, vários municípios serranos do Estado do Rio de Janeiro, para a qual ainda existem poucos trabalhos voltados para o século XVIII. Os conflitos de interesses entre colonos e autoridades visando possível exploração daquelas terras, visando o controle daquela recém descoberta área aurífera, aparecem trazendo as dificuldades de ocupação de um espaço ainda fora do pleno controle colonial. As relações sociais estabelecidas, trazidas em quatro capítulos, demonstram que para além dos colonos e autoridades, outras personagens deveriam ser levadas em conta no projeto de ocupação dessa região: militares, tropeiros, indígenas remeiros, negros escravizados e outros atores que também eram peças importantes nesta teia de relações. Para controlar essa miríade de pessoas e de interesses, muita negociação e também violência foram realizadas. Redes comerciais estabelecidas no interior desse espaço também foram importantes para se compreender a movimentação financeira e as tentativas, por parte da Coroa, em introduzir ideias econômicas e políticas com base em algumas formulações da Ilustração portuguesa. Neste sentido, convido a todas e todos a adentrar junto comigo, no Sertão de Macacu.
Confira abaixo o livro disponível em nossa Loja Virtual:
Pouco conhecido, montuoso e emboscado: Poder e economia no Sertão do Macacu – 1786 a 1790 é fruto da pesquisa de doutoramento do autor. Sua originalidade se dá devido às fontes utilizadas, em especial a “Correspondência e documentos relativos às novas minas de Macacu, do Rio de Janeiro, 1786 – 1790,” existente na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Na concepção de um “Sertão Atlântico”, abriu-se a possibilidade de aproximação frente ao cotidiano da ocupação de um sertão colonial, descortinando redes de relacionamentos e outros aspectos dessa região na capitania do Rio de Janeiro. O Sertão do Macacu foi, na segunda metade do século XVIII, área de exploração tardia de ouro e alvo das ações da Coroa portuguesa para sua conquista e ocupação. O livro vem somar aos trabalhos sobre o Império Colonial português e às pesquisas sobre esse sertão para esse período, anterior à produção cafeeira que se estabelecerá em boa parte dessa região no século XIX. Convidamos o leitor a mergulhar no cotidiano dessas autoridades, militares, negros escravizados, indígenas, tropeiros, canoeiros, mulheres e outros que viveram – e morreram – no Sertão do Macacu e nos legaram seus fragmentos de testemunhos.