Transitando por historicidades distintas e valendo-se tanto da sociologia clássica como da sociologia moderna ou, como muitos intelectuais chamam, contemporânea, para se referir aos pensadores desta época, Luiz Antônio Groppo deixa o seu legado intelectual e anos de estudos firmados em sua recente obra publicada, Introdução à sociologia da juventude, pela Paco Editorial.
Luiz Groppo, que pesquisa a temática por décadas, desde a graduação, precisamente, dividiu sua obra em três capítulos perfeitamente articulados e que revelam o domínio do autor em relação à temática, tanto que Groppo segue um percurso histórico-cronológico, investigando a sociologia da juventude desde a época em que ela se firmou, passando pelos momentos em que foi reinventada, até chegar nos tempos em que ela entrou em crise.
A verdade é que o autor não centra, necessariamente, o seu discurso na epistemologia da sociologia da juventude, mas sim nos fenômenos que são intrínsecos a ela, de tal modo que fica nítido, ao longo da obra, que são tais fenômenos que moldam a sociologia da juventude, fornecendo a ela novos parâmetros e perspectivas de pesquisas e novas abordagens metodológicas.
Tal como em todas as obras, seja das ciências humanas ou não, a Introdução à sociologia da juventude possui uma genealogia calcada em pensamentos de autores de diversas correntes do pensamento, as quais, quando juntas, são capazes de conceber um conhecimento sólido e inovador no âmbito das ciências, principalmente das ciências humanas.
E é exatamente isso que Groppo faz em sua obra. Como um médico que utiliza um bisturi para fazer o corte perfeito em seu paciente, ele utiliza o pensamento de autores consagrados da sociologia para desenhar com maestria o seu próprio pensamento.
Especificamente, o autor faz um percurso histórico, sustentando a sua obra em pequenos grupos de pensamentos que formam um todo. Primeiro, investiga a sociologia da juventude antes mesmo de ser reconhecida como tal e trabalha o conceito de adolescência.
Depois, aciona o pensamento pragmatista e o interacionismo simbólico, que tem Herbert Blumer como principal expoente, e investiga as contribuições destas correntes filosóficas para o pensamento da sociologia da juventude.
Além destas correntes de pensamento, o autor vale-se da filosofia estrutural-funcionalista e da concepção dialética da condição juvenil, até chegar, por fim, ao colapso da condição juvenil, quando ocorre a implosão dos paradigmas sociológicos sobre a juventude em face de uma realidade na qual a sociologia da juventude não consegue mais se sustentar. Isso ocorre por insuficiência de uma base teórica condizente com a realidade de uma juventude que, paradoxalmente, luta para sair dessa condição, erguendo bandeiras e empreendendo lutas civis que visam a esse fim, em pleno século XXI.
O que faz da obra Introdução à sociologia da juventude inovadora é exatamente esse olhar crítico de Groppo, capaz de fazer os pensadores modernos repensarem os seus esquemas mentais, teóricos e metodológicos sobre a sociologia da juventude. É uma excelente fonte de conhecimento para estudantes, professores e pesquisadores das ciências humanas em geral.