No espectro político, Pierre Drieu la Rochelle é um pensador de direita. Socialismo fascista, publicado em 1934, é um ensaio no qual ele capta com sensibilidade o clima opressivo dos anos de 1930 e a tentativa de saída frente a embates ideológicos que contrapunham comunistas, liberais e fascistas. Por isso, um livro que expressa com lucidez as tensões e o desespero diante da iminência da deflagração da guerra que, justamente, ocorreu 5 anos depois.
Trata-se, pois, de um diagnóstico pessimista de que a guerra era inevitável. Assim, não havia saída senão se engajar num dos lados, capitalista, comunista ou fascista, e esperar o resultado. Sendo um pensador afinado com a direita, as críticas feitas ao marxismo são cirúrgicas. Mas, em consonância com o pensamento de esquerda, ele vê no capitalismo a prevalência da afirmação do indivíduo e a ausência do espírito de vida coletivo.
Diante da crise do sistema representativo, da democracia burguesa, e da inoperância do proletariado para fazer a revolução, Drieu la Rochelle vê como modelo de Estado um híbrido do Stalinismo e do fascismo de Mussolini. A solução que ele propõe é a destruição da democracia e o fortalecimento do Estado. A crise do sistema político, da representação, carrega os germes de uma saída autoritária.
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É no momento em que os homens se sentem mais inseguros e mais desamparados que eles clamam por um líder: essa situação lamentável deveria levar os melhores a refletir sobre as características possivelmente desastrosas desse gesto, que consiste, sendo homem, em se render a outro homem. Pois se trata frequentemente de uma entrega. Não podendo mais ter o governo de si próprio, entregar essa tarefa viril a favor de alguém.
Mas, por que esse outro seria moralmente mais capaz que você ou que eu? Não vive na mesma época? Não participamos das mesmas condições deploráveis em que sofremos? Por que ele seria melhor que nós, que nos sentimos tão mal? Um grande homem – um homem superior em inteligência e vontade – não é jamais maior que sua época, ele pode apenas somar esforços e fraquezas morais de sua época.