Da literatura infantil à adulta, Ana Maria Machado passeia com suas palavras. Não por acaso, a escritora brasileira figura entre as mais importantes da contemporaneidade, com cadeira garantida na Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2003.
No dia 24 de dezembro, a autora comemora 80 anos de idade. Para celebrar a data, preparamos um artigo sobre a vida e obra de Ana Maria Machado. Leia a seguir.
A vida de Ana Maria Machado
Nascida em 1941, a carioca Ana Maria Machado formou-se em Letras na Universidade do Brasil em 1964. Mais tarde, lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
Após ser presa pelo governo militar no final de 1969, deixou o Brasil para se exilar na Europa com o filho. Nesse período, atuou como jornalista em Londres e Paris (onde também lecionou na Sorbonne) e finalizou sua tese de doutorado com orientação do mestre em semiologia Roland Barthes, a qual seria publicada posteriormente com o título “Recado do Nome”, em 1976.
Após o retorno ao Brasil, em 1972, Ana passou a trabalhar na Rádio Jornal do Brasil e no Jornal do Brasil. Até 1980, foi chefe do departamento de Jornalismo, cargo que lhe permitiu ousar e inventar mesmo diante da censura exercida pela ditadura militar. Ana ainda colaborou em outros veículos, como “O Pasquim”, “Correio da Manhã” e “O Globo”.
Ana Maria Machado é uma grande incentivadora da leitura, com atuação junto à UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) por meio de consultorias e seminários. Também foi editora da Quinteto Editorial, vice-presidente do IBBY (Conselho Internacional sobre Literatura para Jovens, em tradução livre) e presidente da ABL com ênfase em programas de expansão da leitura, especialmente em comunidades carentes.
A obra de Ana Maria Machado
Ana Maria Machado é considerada uma das mais completas e versáteis escritoras brasileiras contemporâneas. Em 2001, recebeu o Prêmio Machado de Assis – principal prêmio literário brasileiro – pelo conjunto da obra: mais de 100 livros publicados para os mais variados públicos.
Uma de suas obras mais importantes é “Tropical Sol da Liberdade”, romance político lançado em 1988. Nele, a escritora retrata o cenário de anseios e impasses da geração que vivenciou a repressão e a censura do regime militar.
Outros títulos para o público adulto são “O Mar nunca Transborda” (1995) e “Palavra de Honra” (2005). Mundialmente conhecidos, seus livros já foram traduzidos para mais de 20 idiomas.
Em 2000, Ana foi agraciada com a Ordem do Mérito Cultural, um reconhecimento pelas suas contribuições à cultura brasileira.
Sua importância para a literatura infantil brasileira
Apesar de escrever para todas as idades, Ana Maria Machado tem maior destaque na literatura infantil brasileira. Aliás, é a primeira escritora com obra tão vasta no gênero a ocupar uma cadeira da ABL.
No exílio, Ana escrevia histórias infantis para a revista Recreio. Mas foi só a partir de 1976, já no Brasil, que esses escritos começaram a ser publicados em livro. Nos anos seguintes, viriam os primeiros reconhecimentos com os prêmios João de Barro e Jabuti pela sua “História Meio ao Contrário”.
Na década de 1980, em parceria com Maria Eugênia Silveira, fundou a primeira livraria brasileira voltada ao público infantil, a “Malasartes”. Com títulos cuidadosamente selecionados, a livraria funciona até hoje no Shopping da Gávea, Rio de Janeiro, e já inspirou muitos outros projetos semelhantes.
A importância das obras infantojuvenis de Ana Maria Machado é reconhecida internacionalmente. Em 2000, ela recebeu o Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o mais relevante prêmio mundial de literatura infantil.
A obra infantojuvenil de Ana Maria Machada é extensa. Para citar apenas alguns títulos: “Raul da Ferrugem Azul”, “Menina bonita do laço de fita”, “Bisa Bia, Bisa Bel”, “O Domador de Monstros”, “A Doroteia, A Centopeia” e “Dona Baratinha”.