O desenho animado é uma forma de arte que chama a atenção e encanta não somente crianças, mas pessoas de todas as idades. Isso se dá, entre tantos motivos, pela capacidade que as animações têm de despertar um envolvimento genuíno e o potencial criativo de cada um de nós por meio de cores, sons, imagens e narrativas envolventes.
Entretanto, enquanto consumimos essa forma de entretenimento, será que conseguimos assistir às animações de forma consciente, vigiada e inteligente, ou vemos todo aquele cenário fantasioso de maneira inocente e sem reflexões? Mais: os telespectadores percebem que este produto televisivo pode ser um potencial instrumento na formação da sociedade?
Estas perguntas – e a necessidade de compreender as animações além do olhar de mãe da autora – motivaram Marcia Maria Arco e Flexa a desenvolver a obra “O lado desanimado do desenho animado: o olhar do espetáculo para a sociedade: Guy Debord e os Jetsons”, lançada pela Paco Editorial.
Para Márcia, assistir ao desenho animado deve ser não somente um exercício de entrega e um tempo de deleite e entretenimento, mas também de protagonismo e inteligência, percepção e capacidade de decifrar a riqueza de cada detalhe. Com essas habilidades, é possível transformar essa simples experiência em uma oportunidade mais rica para crianças e adultos, assim como para pais, pensadores e educadores.
Aliás, o termo “desanimado” presente no título, que causa certa estranheza inicial, não está relacionado a nada pouco estimulante. É um ponto de vista interessante sobre o objeto de análise: o telespectador tem a capacidade de observar a animação além da imagem, ou seja, dissecar o que se vê na tela e conversar sobre as mensagens trazidas pelos desenhos?
Para compreender as in?uências do desenho animado na formação das pessoas, enquanto crianças e cidadãos em formação dentro da sociedade, a autora utiliza como uma das principais referências teóricas “A Sociedade do Espetáculo”, do francês Guy Debord. Em sua clássica obra, o pensador analisa a sociedade como espetáculo, como consumo e como mercadoria.
Assim, em “O lado desanimado do desenho animado”, vemos essa forma de entretenimento sob a perspectiva da indústria multicultural da sociedade do espetáculo, mas dando um passo além da indústria cultural. Isso porque o desenho animado corresponde a um produto comercializado pelo mundo como forma de se sustentar financeiramente, sendo comprado por diferentes países e consumido por milhões de pessoas em suas composições culturais e sociais.
Ao conhecer melhor os processos integrados ao desenho animado e que podem ser usados na formação dos indivíduos, os comportamentos gerados e suas inter-relações, a autora pretende também oferecer a educadores um instrumento que os capacite os prepare para dialogar com a sociedade, os educandos e os pais para a compreensão doa animação e o desenvolvimento de pessoas mais conscientes e reflexivas.
Sobre a autora
Márcia Maria Arco e Flexa Ferreira da Costa é formada em Psicologia. Atualmente, é doutoranda em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (com ênfase em Linguagens e Tecnologia) e Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela mesma instituição. É pós-graduada em Docência da Língua Inglesa na FMU (2015), em Comunicação Organizacional e Relações Públicas (ECA / USP) e pós-Graduada em Recursos Humanos (FGV).