Podemos afirmar que a epopeia está presente em todos os períodos da produção de literatura brasileira. Encontramos trabalhos do gênero desde a Literatura de Informação do século XVI ao Pós-Modernismo do século XX. A despeito disso, a épica nacional é com frequência excluída da historiografia literária do país.
A obra de Anazildo Vasconcelos da Silva remedia este quadro e evidencia a qualidade poética de uma produção literária que costuma ser menosprezada pela crítica. O livro apresenta o percurso da épica brasileira, analisando desde sua trajetória durante o período barroco, até suas manifestações no pós-modernismo. Com isso, o resgate aqui proposto reconhece as epopeias do passado e do presente, trabalhando para desconstruir o olhar preconceituoso sobre o gênero.
Retirando do esquecimento grandes épicos brasileiros, o que o autor propõe é uma revisão historiográfica do gênero. Nesta nova edição, revista e ampliada, o início da literatura brasileira é apontado no seio dos textos de informação do quinhentismo, trazendo nossas primeiras obras para o período do renascimento em lugar do barroco. Deslocar o princípio de nossa tradição na literatura reabre um debate importante, e ainda controverso, no seio da historiografia literária.
Analisando, sobretudo, obras dos primeiros três séculos da nossa literatura, o autor formula um novo enfoque historiográfico para a área. Esta edição consolida a proposta do autor de resgate da epopéia. A intenção é renovar o suporte teórico de construção da identidade heroica, para que com isso se inaugure um novo estágio de recepção crítica da épica nacional.
Anazildo Vasconcelos da Silva possui formação multidisciplinar. É semiólogo, doutor em Letras, crítico e ensaísta. Além de ser docente aposentado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, também atuou nos Estados Unidos. O acadêmico foi professor visitante nas Universidades do Arizona, assim como no Novo México e em Illinois.
O autor traz para a sua análise o legado teórico aristotélico, além de ferramentas do discurso, como a retórica, a linguística e a semiologia. Além disso, assenta junto a essa base conceitual a própria teoria crítica literária para aprofundar o seu estudo.
Em 1987, o livro foi recebido como pioneiro na preservação da épica brasileira. Hoje, 30 anos depois, consolida sua importância como obra de referência para revitalizar a epopeia dentro da pesquisa universitária do país. Uma obra essencial tanto para aqueles que buscam estudar a origem e formação da Épica brasileira, quanto para graduandos e pós-graduandos de Letras e estudiosos e pesquisadores no geral, independentemente de sua área de atuação.
O trabalho de Anazildo Vasconcelos da Silva é vasto e consolidado no Brasil, assim como no exterior. Suas principais obras são os livros: A poética de Chico Buarque (1974); Semiotização literária do discurso (1984); Formação épica da literatura brasileira (1ª ed. 1987); A lírica brasileira no século XX (1998; 2002); Quem canta comigo. Representações do social na poesia de Chico Buarque (2010).
O trabalho acadêmico do autor também se distingue em artigos como: Referenciação poética e contextualização narrativa (2001), O protesto da canção (2004) e A lírica interditada: representações do social na poesia de Chico Buarque (2006), Le discours épique et I épopeé moderne (2009).
Atualmente, ele coordena o GT Estudos teóricos sobre o épico do Centro Internacional e Multidisciplinar de Estudos Épicos (Cimeep/UFS).