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A Revolução do Haiti e o Brasil escravista

Nenhum acontecimento histórico, especialmente tratando sobre o continente das Américas no período colonial, deve ser pensado como fato isolado. Repercussões de episódios, ainda mais em casos envolvendo revoltas de escravos, se espalham em outras sociedades, ressoam e geram curiosas consequências. O livro “A Revolução do Haiti e o Brasil escravista – o que não deve ser dito” parte desse princípio para analisar a história desses dois países americanos em cenário de sistema de escravidão e de busca pela independência.

A conexão aqui também vai além de Brasil e Haiti, chegando à Europa na era do Iluminismo, com autores e figuras com pensamentos destoantes da sociedade da elite, como o abade Guillaume-Thomas Raynal, que criticava a escravidão e profetizava que surgiria um escravo negro que se rebelaria e traria a liberdade, o que não tardou a acontecer na colônia de São Domingos. É partindo disso, que a obra de Marco Morel instiga, seguindo o trajeto dos acontecimentos prévios e subsequentes da Revolução do Haiti e seu impacto nas sociedades no início da Idade Contemporânea.

Traçando o fio histórico

Transportados de volta ao passado nessa história, com citações de personagens envolvidos e ilustrações com retratos, acontecimentos e mapas da região, é possível redescobrir esse acontecimento a fundo. O segundo país a proclamar a Independência e com a primeira abolição da escravatura no continente Americano virou referência em terras brasileiras que já iniciava seu próprio processo de independência e que, embora estivesse longe de acabar com a sua escravidão, não deixou de repercutir no país.

Esse eco, por muito tempo, passou escondido por muitos, mas teve grande impacto entre os letrados e homens livres no Brasil, muitos dos quais tinham suas próprias críticas ao sistema escravocrata, e que agora, com esse exemplar, voltam à tona.

Este livro, apesar da temática de escravidão em evidência, não pretende falar sobre esse fato em si. E sim, quer contar uma história de relações políticas e culturais entre os países e nas consequências dos fatos em todas as esferas. Como mudanças sociais e econômicas no Brasil e também no Haiti, após a Revolução, desde o traçado do perfil dos envolvidos nas primeiras constituições do Haiti, até as opiniões das classes brasileiras.

Trabalho de uma vida

A extensa pesquisa de Marco Morel, que resultou neste livro, é resultado de uma curiosidade de longa data sobre o assunto. Ainda nos anos 80, percebeu a falta de referências bibliográficas brasileiras sobre a Revolução do Haiti. A partir daí, estudou sobre o tema, se aprofundando e publicando artigos dessa questão. Já no século XXI, começou a compor o que se tornaria este livro, um trabalho de 15 anos para condensar esse conjunto de fatos históricos em um livro. Rico em referências bibliográficas, com fontes impressas e documentais oriundos de vários países e idiomas, conseguiu compor um retrato autêntico deste período que mudou a história.

O autor é historiador, jornalista, professor-associado do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UERJ e pesquisador do CNPq. Possui mestrado em História do Brasil pelo IFCS/UFRJ, doutorado em História pela Université Paris I (Pantheón-Sorbonne) e pós-doutorado no IEB/USP.

Fundada em 2009, é uma editora voltada para a publicação de conteúdos científicos de pesquisadores; conteúdos acadêmicos, como teses, dissertações, grupos de estudo e coletâneas organizadas, além de publicar também conteúdo técnico para dar suporte à atuação de profissionais de diversas áreas.

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